Acredita quando digo que não fiz nada que tu não consigas
Perguntam-me muitas vezes como se chega até aqui, até este estado emocional de equilíbrio connosco e com a comida. Dizem-me outras tantas vezes, que adoravam ter a minha força de vontade ou até, que estão cansados de lutar. E sempre que leio uma mensagem de alguém a desabafar sobre o facto de me admirar, eu fico feliz e ao mesmo tempo com um aperto no coração.
Eu sou humana. Sou uma pessoa exactamente igual a ti. E não há nada de absolutamente super heróico nisto que eu consegui alcançar que tu também não o consigas. E isto é algo que eu gosto sempre de explicar a quem me contacta, para as pessoas perceberem que a única coisa que efectivamente eu fiz de diferente foi nunca ter desistido de mim. Mesmo quando afundei a cabeça numa sanita, mesmo quando comecei e terminei dietas atrás de dietas e dei por mim a comer compulsivamente para lidar com as minhas frustrações, eu nunca em momento algum achei que iria ficar por ali, entendes?
Há quem lhe chame força de vontade, mas eu chamo-lhe antes força de querer viver em paz.
Porque durante anos eu achei que o que queria era um corpo fit, mas sempre se resumiu a isto, paz com a comida e com o meu corpo. Mudar dá trabalho, mudar como já referi antes não é linear, e mudar custa. Porque mudar implica sair da nossa zona de conforto e implica acima de tudo enfrentar os nossos demónios. E é exactamente aqui que reside a diferença entre quem consegue dar um pontapé no rabo a esta grande porra que são os distúrbios alimentares e quem se mantém afundado neles, é o ir com medo, é o saber que vai doer mas não mais do que já dói no momento.
Eu não sou mais do que tu acredita em mim. Não tenho mais força, nem mais poderes nem sequer mais conhecimentos para ter conseguido dar um basta nesta forma doentia de me ver ao espelho. Talvez o que eu tive, foi coragem de assumir que o corpo que eu imaginava como perfeito não me fazia efectivamente feliz, ou que mais do que mudar o meu físico, eu precisava era de mudar a minha cabeça. Talvez tenha sido tudo isto junto, que me deu força para tentar mais uma vez. Aquela vez que se tornou definitiva. E talvez tenha sido também, o simples facto de me ter cansado de viver a vida pela metade, que mesmo hoje em dia, continue todos os dias a trabalhar o meu equilíbrio para não voltar a onde já estive.
Porque isto é um trabalho para a vida toda.
E acho que este é mesmo o segredo. Eu não sou mais do que tu, eu simplesmente entendi que não há fórmulas mágicas para chegar aqui, não há atalhos, não há vias rápidas. Há muita dedicação a mim para sempre. E quando tu entenderes que precisas de te escolher, em todos os dias bons e maus da tua vida será muito mais fácil de conseguires equilibrar-te. E isto inclui todos os treinos que escolhes não fazer porque tens preguiça. Inclui toda a comida que escolhes comer porque optas por comer emocionalmente e inclui acima de tudo todas as dietas que escolhes começar à segunda e terminar à sexta consecutivamente.
Tudo se resume a escolhas. E só tu é que as podes fazer. Eu não sou melhor do que tu. Eu simplesmente escolhi cuidar de mim para sempre. Sem data de término.