Depois de um mês sem redes sociais estou de volta
Acredito cada vez mais que há um tempo para tudo, e acredito ainda mais que é urgente termos tempo para ouvirmos verdadeiramente o nosso corpo quando ele pede para mudar o chip ou para simplesmente parar.
Talvez seja desta sociedade onde vivemos em que há tanto ruído e onde vamos interiorizando que temos de estar sempre ligados, sempre em cima do último acontecimento e com todo o caminho muito bem definido porque se não acabamos por ficar para trás.
“Responde sempre aos comentários”, “Tem atenção às estatísticas”, “Interage, Interage e Interage ainda mais para que o algorítmo goste ainda mais de ti”, “Publica sempre bom conteúdo, com boas fotos, bons filtros e descrições incríveis”, “Faz perguntas aos teus seguidores” estas são apenas algumas das muitas dicas que encontras diariamente por essa internet fora que te dizem como manter a tua conta a crescer e sempre atrativa. E de repente ter uma rede social passa a ser um trabalho extra que adicionas ao teu dia onde tudo é calculado ao milímetro para que tenhas sorte e o algorítimo continue a gostar de ti.
Mas eis que eu cansei-me.
Não vos consigo explicar exactamente o que aconteceu, porque não foi uma única coisa, sei que algures ali no final do Julho comecei a sentir uma grande frustração com as redes sociais (em especial com o Instagram). As vidas perfeitas, as mensagens de luz e amor, os textos motivadores do “se eu consegui tu também consegues”, as mudanças de vida perfeitas, as histórias de atirar com trabalhos de uma vida ao ar e de repente tudo se alinhar como por magia, as certezas de meio mundo sobre o que é certo e errado, a quase obrigação de termos de nos aceitar como somos, as comidas, casas e viagens perfeitas começaram a criar em mim uma ansiedade que há muito não tinha e uma frustração enorme.
Frustração acima de tudo por sentir que estou a anos luz das certezas e de toda a incrível magia que nos é vendida nas redes. Frustração por não ver a minha conta a crescer e perguntar-me constantemente o que andaria eu a fazer de mal. Frustração por não acordar todos os dias a achar que sou incrível e a aceitar cada pedaço do meu corpo. Frustração por sentir que sou só uma miúda normal, com medos, inseguranças, muitas dúvidas sobre o meu caminho e que não se revê minimamente no que é comunicado hoje em dia de vidas tão cheias de tudo.
Lê também: “Às vezes tudo o que precisas é de fazer um detox à vida”
Porque a verdade é que eu não gosto de mim todos os dias, nem acho que temos todos de nos aceitar como somos porque às vezes é no não aceitar que está o caminho para uma vida mais feliz. Porque eu não sou sempre segura de mim, não tenho a minha casa imaculada, não como sempre saudavelmente apesar de saber quais os melhores alimentos para mim, e acima de tudo não acredito que o segredo para a felicidade e o equilíbrio esteja em contas de Instagram, onde sim nos podemos inspirar mas não podemos deixar que façam o trabalho por nós.
O Instagram tornou-se uma montra de vidas e descrições altamente editadas e esta montra cria uma dependência absurda, onde acabava a dar por mim a pegar no telemóvel vezes demais durante o dia, a fazer like sem prestar grande atenção ao conteúdo, e a perder-me durante imenso tempo num scroll infinito de fotos bonitas que pouco me acrescentavam interiormente. Sim isto de estar online vicia e na maior parte das vezes trazia-me uma sensação de insatisfação gigante. Porque a comparação é inevitável, a comparação do sucesso, das certezas, da constante alegria que é passada em stories e fotos altamente editadas e pensadas ao milímetro.
A verdade é que minha opinião sobre as redes não mudou. Continuo a achar que muitas pessoas estão completamente dependentes das redes sociais porque não conseguem lidar com a própria vida então, é mais fácil sonhar com a “vida perfeita” dos outros que nos é vendida diariamente. Ou agarrarmo-nos a pessoas que dizem que são reais, que têm vidas tão reais como as nossas mas que não passam de produtos fabricados para nos darem aquela sensação que nós também podemos chegar ali. Talvez as redes funcionem como uma anestesia para muita gente. Para mim estavam a tornar-se uma grande fonte de ansiedade por sentir uma enorme pressão para fazer parte deste jogo onde tens de estar sempre a produzir conteúdo se não alguém te passa à frente.
E talvez tenha sido tudo isto que me trouxe uma grande saturação das redes
E me levou no final de Julho a eliminar Instagram e Facebook do meu telemóvel e ter ficado mais de 1 mês sem redes. Sem medos de perder seguidores (e perdi bastantes) ou ser esquecida e sem medos de ficar para trás, pura e simplesmente eliminei-as do meu telemóvel e esta decisão tornou-se na coisa mais libertadora de sempre.
Talvez tenha sido o deixar de sentir pressão para criar conteúdo, talvez tenha sido o não estar a comparar-me com ninguém ou talvez tenha sido a quantidade de tempo absurda que ganhei para fazer tantas coisas boas, que me levaram a manter esta decisão por tanto tempo, porque a verdade é que eu nunca estipulei quando ia voltar e quando me perguntavam eu dizia sempre que não sabia, mas que quando fosse o momento eu ia sentir.
Vê o vídeo: “Detox Digital e um desafio de Mindfulness”
E de alma lavada, energia renovada (apesar de ainda não ter ido de férias) e com a mente mais limpa e clara sobre o caminho que quero seguir no Lolly Taste e nas minhas redes senti recentemente vontade de voltar e por isso cá estou eu. Não vos consigo dizer por quanto tempo e a verdade é que decidi que ao fim de semana vou apagar as redes do telemóvel para poder desligar-me por completo do mundo digital, porque confiem em mim que já fiz vários detox, é muito diferente ter as redes no telemóvel e não as ter de todo.
A única coisa que vos posso dizer é que irei manter a honestidade com que sempre pautei todas as minhas publicações e a minha postura por aqui e isso inclui desaparecer sem dar uma grande explicação de vez em quando, inclui continuar a escrever com o coração nos dedos e inclui acima de tudo garantir-vos que só me mantenho por cá enquanto me fizer sentido.
Por agora estou de volta