Páginas Salteadas: Bolo de iogurte que cheira a memórias de infância
Novo mês e um novo livro que chega acompanhado de um bolo de iogurte.
Setembro chegou, rápido e a relembrar que faltam 4 meses para o final do ano. E caramba se este 2017 que está a ser tão mágico, não está a passar rápido de mais. O novo mês traz recomeços, traz desejos de novas metas e traz também um novo livro para o Páginas Salteadas. E eu fiquei encarregue de dar início a mais um mês de inspiração culinária desta vez com o amoroso livro “The Tale of Peter Rabbit”.
Acho que nunca foi tão fácil para mim escolher a receita que iria acompanhar um livro. Afinal de contas este livro fez parte da minha infância tal como o Bolo de Iogurte. Consegues acreditar que sempre fui tão feliz com este bolo e há anos que não o comia?
É o bolo que imediatamente me faz lembrar da minha mãe e da casa com cheiro a Domingos sem pressa. Foi o primeiro bolo que me ensinou a fazer e era o bolo que fazia sempre que eu estava doente, acompanhado com uma boa caneca de leite.
Enquanto o fazia, num Domingo que começou de uma forma tão especial, lembrava-me das tardes na cozinha com a minha mãe. A colocar os dedos para lamber a massa enquanto ela se distraia a ver a temperatura do forno. Lembrei-me também de um dia em que lhe quis fazer uma surpresa e decidi fazer o bolo numa panela porque não sabia mexer no forno. Claro que correu mal e o bolo queimou. Lembro-me de chorar imenso quando ela chegou a casa. Senti-me triste e desiludida comigo própria por ter falhado. Mas ela, com aquela paciência e amor que só as mães conseguem ter, apesar de cansada, segurou-me pela mão e foi fazer um novo bolo comigo.
E acaba por ser engraçado lembrar-me desta história, porque a minha mãe sempre me disse para não mexer no fogão, mas eu, tal como o Peter Rabbit, decidi ser teimosa e fazer o que me apeteceu. E se o Peter podia ter tido o mesmo destino que o pai e acabado numa tarte de Mr. Mc Gregor, eu podia ter-me queimado.
A verdade é que no livro não é claro que a mãe do Peter saiba o que ele fez, mas a verdade é só uma meus amigos: As mães sabem tudo, e aquele chá de camomila que a mãe do Peter lhe faz, enquanto o aconchega mostra bem o quanto o radar das mães está ligado.
E uma das coisas que eu mais amo nos livros infantis, é que independentemente de sermos adultos, trazem ensinamentos para a vida e nós seja em criança seja em crescidos temos um verdadeiro fascínio pelo proibido.
A grande diferença e isto é dos maiores ensinamentos que este livro me deu, quando o li agora em adulta é que algures pelo meio desta caminhada que é a vida nós perdemos a capacidade de arriscar. Passamos a pensar mais vezes com a cabeça do que com o coração. Passamos a ser mais cautelosos, a medir mais as nossas opções e escolhas. Passamos acima de tudo a pensar demasiadas vezes, como seria se fizéssemos aquilo que realmente queremos, mesmo que do outro lado exista o desconhecido.
É óbvio que não acho que devemos ser inconscientes e andar a tomar decisões como se o mundo não importasse, mas a verdade é que em adultos pensamos demasiado naquilo que os outros podem pensar de nós, das nossas ações e das nossas escolhas e acabamos castrados. E isto é uma coisa que felizmente a infância não tem.
Porque a verdade é que quanto mais cresço neste mundo de adultos, mais percebo que as pessoas têm medo de procurar a felicidade. Têm medo de largar o conforto daquilo que já conhecem, para perseguir algo que não sabendo se vai correr bem, lhes pode efectivamente trazer coisas boas.
E isto das coisas boas, pode-se tirar até das coisas más sabias? Porque mesmo que corra mal, tal como correu com o Peter, vais ter sempre dentro de ti a certeza que só tentando é que podias saber se era bom ou não. E se ficares aí, com medo do que não conheces a vida passa e tu passas com ela.
Aceita a minha sugestão. Vai para a cozinha e faz o teu bolo favorito. Se for bolo de iogurte óptimo, se não for óptimo na mesma. Coloca o coração e todos os sentidos nesse bolo. Recorda-te lentamente dos teus sonhos de infância. Lembra-te dos amores, dos desejos. Lembra-te das mil profissões que querias ser. E lembra-te de todas as vezes que a tua mãe te disse para não fazeres uma coisa…e tu fizeste.
Depois, senta-te no teu sofá, com uma boa chávena de chá e uma fatia do teu bolo mágico e pensa no que gostarias de mudar agora mesmo se pudesses. Fecha os olhos, dá uma trinca e saboreia. Sentes o sabor mágico dos teus sonhos de infância?
Agarra-os com força e ganha coragem para correres atrás 🙂
Queres comer um delicioso bolo de iogurte?
Ingredientes
6 ovos
1 iogurte de framboesa e mirtilo (podes escolher o aroma que quiseres)
3 medidas de farinha de aveia
2 medidas de açúcar de coco
1/2 medida de óleo de coco
2 colheres de café de fermento
Usa o copo de iogurte como medidor
Preparação
- Separa as gemas das claras. Bate as claras em castelo e reserva.
- Junta o açúcar às gemas e bate muito bem.
- De seguida adiciona a farinha, o fermento, o iogurte e o óleo e continua a bater até obteres uma massa cremosa.
- Junta por fim as claras e mistura tudo muito bem. Quando a massa começar a fazer bolhas está pronta para ir ao forno, pré-aquecido a 180 graus.
- Coloca a massa numa forma untada com manteiga e farinha leva ao forno até o bolo ficar dourado. Como a farinha usada é a de aveia, é normal que o bolo não cresça muito. Mas não te preocupes porque fica igualmente delicioso.
- Espeta uma faca no bolo, se esta sair seca é porque está pronto. Faz um chá e aproveita para caçares sonhos.
Se ainda não sabes o que é o Páginas Salteadas, vê este post, e acompanha as minhas sisters durante Setembro, porque mais receitas deliciosas vão surgir.
Andreia Moita
Opah a infância. A época de ouro. E óbvio que o bolo de iogurte faz parte do meu imaginário também. Foi o primeiro bolo que eu também fiz com a minha mãe. E depois comecei a escrever todas as receitas num livro tal qual menina prendada. A minha primeira ideia para a receita sobre este livro também foi um bolo, curiosamente, mas mudei de ideias para outra memória da minha infância, para a semana vês ehehe! Ainda bem que tu o fizeste, pois um bolo tinha que estar ligado a esta história totalmente.
vânia duarte
Andreia Moitaacho que o bolo de iogurte faz parte da infância de toda a gente ahahahahha, é tão simples de fazer 🙂 Estou super curiosa com a tua receita 🙂
Sandra
Um post cheio de carinho e lembranças! Obrigada 😊
vânia duarte
Sandraobrigada eu por me ler 🙂
Daniela Soares
Dá para mandar uma fatia cá para casa?ahah
Beijinhos,
vânia duarte
Daniela Soaresaahahah já acabou 🙂 beijinho grande
Kéké
Ohhhh, que aspecto bonito meu amor e que vontade imensa de o provar. Esse vosso Páginas Salteadas tem amor para dar e vender. Adoro!
vânia duarte
Kékéobrigada baby tens de experimentar, ficou delicioso 🙂
Miguel Oliveira
Nhamiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Ana Filipa Comendinha
Também é um bolo que me transporta imediatamente para a infância e para os fins de semana em família. Acho que foi o bolo que mais fiz com a minha mãe 🙂