Uma espécie de manifesto
Que se beije mais, muito mais.
Que se beije com paixão, que se abram os braços e se receba com aquela vontade de que o mundo pare.
Que te percas mais no olhar, que vislumbres cada pedaço da vida como se de uma obra de arte se tratasse.
Que te percas na vontade de querer pintar aquele quadro uma e outra vez na esperança de que assim, possas eternizar para sempre aquele momento em que nada mais importa.
Que te dispas de medos, de dúvidas, ou que vás mesmo com dúvidas e medos, afinal de contas ninguém sabe se dá certo se não tentar.
Que te dispas da roupa com que escondes tudo aquilo que achas que são falhas em ti, que te dispas de tudo aquilo que te faz pensar que os outros não vão gostar, porque hey, és tu que tens de gostar em primeiro lugar.
Que te apaixones perdidamente. Uma e outra vez. Pelo que tu quiseres. Por quem quiseres e quando quiseres.
Que te permitas viver uma vida sôfrega e acima de tudo que te permitas ouvir o coração quando te diz que está na hora de mudar. Ou de manter.
Que não te escondas por trás de dogmas, de padrões sejam eles de beleza, de status ou de religião.
Que não te afastes de quem tu és na verdade para que outros possam brilhar.
Que não percas a tua liberdade de pensamento e de crítica porque te dizem que é exactamente assim que as coisas são, com um monte de checks numa qualquer lista espiritual que te promete encontrar o sentido da vida.
Que não te percas de ti, mesmo quando o mundo parece estar perdido dele próprio.
Que se faça mais amor na vida real e menos desamor na vida virtual.
Que nunca deixes de dizer eu amo. Que nunca deixes de dizer eu quero e posso. Que nunca deixes de acreditar que és capaz, mesmo que já tenhas falhado 1000 vezes. Há sempre a 1001, acredita.
Que nunca te esqueças que somos todos da mesma matéria. Viemos todos do mesmo sítio e iremos todos para o mesmo.
Que se prescrevam menos curas em x passos e que se ofereçam mais ombros verdadeiros.
Que se volte a saber ouvir sem precisar de se falar a seguir.
Que se entenda que às vezes tudo o que o outro precisa é só de alguém que o escute. Sem balelas.
Que te permitas viver com V grande.
Que deixes de roubar tempo. O dos outros e especialmente o teu.
Que entendas de uma vez por todas que a vida bonita, crua, apaixonante e dura está lá fora.
Que abras a janela e digas alto e bom som foda-se quando sentires. Porque às vezes tudo o que precisas é de mais coragem para dizer asneiras e mandar um pontapé nos teus demónios e menos palavras bonitas, conselhos mágicos “do vai correr tudo bem” e histórias com finais felizes.
Porque todos os finais podem ser felizes sem serem cor de rosa. Afinal de contas o mundo deu-nos tantas cores e tu escolhes com qual queres pintar a tua vida real. E lembra-te, se a meio do caminho não gostares daquela cor podes sempre mudar. Porque tu podes o que quiseres.
Que se viva mais intensamente, que se toque e se abrace mais.
Que se abra mais o coração de forma honesta. E de preferência sem frases feitas.