Sobre perdoar (me) e recomeçar (me)
Estou de volta. De volta à rotina depois de umas férias incríveis, de volta à escrita depois de um verão pautado por um grande afastamento do blogue e das redes sociais por me sentir saturada e de volta a mim a este cuidado e amor que procuro ter para comigo a maior parte do tempo mas que às vezes ainda me escapa.
Eu tive uma doença durante anos.
Uma doença que consumiu grande parte da minha vida, que me fez temer a comida mais do que tudo e que me fez tratar o meu corpo de uma forma muito infeliz. Tive esta doença, dei-lhe com os pés mas continuo a ter de me ouvir muito bem porque a minha ligação emocional à comida ainda vem ao de cima às vezes e com isto uma velha Vânia que se critica constantemente também começa a querer vir ao de cima.
Na exacta semana antes de ir de férias tive uma notícia que me deixou…. não arranjando melhores palavras revoltada. Foi algo que me mexeu com as entranhas, que me fez chorar e que acabou comigo a ter elevados níveis de ansiedade e a descarregar na comida sem qualquer tipo de controlo. E apesar de ter noção deste meu comportamento a verdade é que como expliquei antes, a comida às vezes (cada vez mais raramente) ainda é o meu refúgio, e assim durante essa semana foram vários os momentos em que a procurei.
As férias acabaram por chegar
E ao contrário do que seria de esperar não as usei como desculpa para dar continuidade às minhas compulsões, mas sim para escrever acima de tudo sobre aquilo que eu preciso. Aquilo que me faz vibrar de alegria e sobre aquilo que está a mais e que me tira energia. Sobre aquilo que me deixa tranquila e sobre aquilo me corrói a alma. E acima de tudo durante os muitos momentos em que escrevi enquanto estava no comboio a mudar de cidade eu perdoei-me mil vezes. Perdoei-me não por falhar mas por ser humana, por continuar a ter um grande trabalho pela frente e às vezes ainda me desviar do caminho que sei ser o melhor e mais tranquilo para mim.
Porque sim eu venci uma doença mas às vezes ela ainda tende a querer aparecer e eu por mais forte que seja ou mais preparada que esteja, às vezes ainda a deixo vislumbrar a luz do dia, mas ao contrário de outras vezes em que me deixei afundar num poço de lamentações e críticas sobre como sou fraca por ceder novamente a comer as emoções, decidi perdoar-me desta vez e de todas as próximas que possam vir a surgir.
E este perdão, esta forma leve de aceitar
Que sim, eu às vezes ainda recorro à comida de forma emocional, ajudou-me a entender que por mais vezes que falhe ao longo deste caminho de amor próprio eu estou muito longe de onde já estive, porque hoje em dia eu sou capaz de olhar para a situação não como uma desilusão, mas como mais uma forma de nunca me esquecer o quanto eu preciso de me continuar a nutrir todos os dias, o quanto preciso de estar atenta ao meu corpo mas sobretudo ao meu coração. Porque são eles os meus melhores guias.
E é com este perdão que termino Setembro, a recomeçar.
Recomeçar rotinas, recomeçar projectos que ficaram em stand by, recomeçar este blogue que esteve meio ao abandono no verão e recomeçar (me) por inteiro com a certeza que darei sempre o meu melhor para estar no meu caminho de paz, aquele que tanto aprecio e que tanta calma me traz, mas com a consciência que às vezes eu também me desvio. E está tudo ok. Porque hoje em dia eu sou capaz de me perdoar, de olhar para mim com verdadeiros olhos de amor e seguir em frente.
Vamos juntas?