Quando tudo o que o corpo pede é: Desconecta-te
Foram precisos 3 livros e meio e 6 revistas lidos durante uma única semana para eu perceber o quanto o meu corpo estava completamente esgotado e foi preciso conseguir desconectar-me de tudo (vida digital, vida laboral e vida pessoal no geral) para conseguir perceber o quanto o meu corpo gritava por um tempo de descanso. Esta foi talvez a maior razão que me levou ao Offline Portugal durante a minha semana de férias em Junho, foi a necessidade urgente de me resgatar interiormente e voltar a conectar-me comigo própria.
Este ano começou de uma forma incrível.
Muitos workshops, cursos, encontros com pessoas amigas e retiros. Um blogue que mês após mês crescia a olhos vistos, mais pessoas a chegarem até mim, a agradecerem-me pelo trabalho que tenho desenvolvido com este blogue, uma conta de Instagram também a crescer e mudanças do próprio Instagram que nos obrigaram a todos a tentar perceber como não perder a o alcance da nossa comunidade. Um trabalho a tempo inteiro, treinos às 7 da manhã, dois gatos, uma casa, e todo um desejo de querer fazer mais com este blogue, de querer chegar mais longe, de querer alcançar mais pessoas para poder mostrar-lhes a importância de respeitarmos o nosso corpo o que implicava despender tempo pessoal do fim de semana para criar conteúdo e estar em cima de todos os acontecimentos digitais. Durante 5 meses a palavra desconectar nunca esteve tão longe do meu vocabulário.
Duas revistas que tenho assinatura e que adoro, foram-se acumulando em cima da mesa da sala. Páginas e páginas de histórias incríveis por ler assim como uma montanha de livros. Aquele tempo que eu tirava à noite para a minha rotina de leitura tinha desaparecido nos últimos tempos, porque eu estava imersa em dezenas de coisas nas quais me tinha envolvido e ainda tinha de arranjar tempo para dedicar ao Instagram, porque estava em grupos de engagement de forma a manter o alcance interessante.
E assim sem eu dar conta instalou-se na minha vida o FOMO: Fear of Missing Out.
Um conceito não muito recente mas que está a afectar cada vez mais pessoas e que acabou por me atacar também a mim. O medo de ficar de fora, de perder a última novidade, de sermos esquecidos porque todos os dias aparecem novos projectos, novas contas, faz com que tenhamos de estar sempre online, sempre prontos a criar, sempre prontos a mandar cá para fora mais uma fornada de boas ideias, pensamentos ou histórias. A verdade é que eu fui completamente apanhada pelo FOMO, e só me apercebi quando o meu corpo resolveu dar sinais de que alguma coisa não estava bem.
Primeiro foi o sono, esse bem tão precioso e do qual sempre me orgulhei. Comecei a ter noites muito agitadas, acordava muito durante a noite, custava-me a adormecer e sempre que me deitava sentia a cabeça a mil. Isto obviamente acabava por impactar todo o meu dia. Os treinos começaram a tornar-se penosos ( em Junho pouco consegui treinar porque não tinha energia) e a minha concentração nos últimos meses estava absolutamente caótica. Até que em Maio aconteceu um problema familiar e eu que já andava a queimar as minhas reservas de energia fui-me completamente abaixo. E de cansada passei a completamente esgotada. A minha cabeça ficou vazia, sem vontade de escrever, de ler, de conversar e sem a mínima capacidade de me focar em nada. Percebi nesse momento que apesar de partilhar pequenos-almoços incríveis, de treinar com regularidade estava completamente desconectada do meu corpo e por isso não o ouvi quando ele me alertou que alguma coisa não estava bem.
Acabei por ir fazer análises,
E o resultado foi uma baixa de ferro, ferritina e ácido fólico muito grandes (quase a roçar ali a anemia) e aumento da tiróide e do ácido úrico. A razão disto ter acontecido? Stress, demasiado stress físico e mental. Isto acabou por ser a chapada que eu precisava para perceber que estava não só a exigir demasiado de mim com a quantidade de cursos e coisas onde andava metida, como acima de tudo me alertou para a enorme dependência digital com que eu estava. E foi exactamente aqui que entrou o Offline, porque mais do que umas férias, esta semana que lá passei serviu para me conectar a mim mesma, às necessidades do meu corpo e acima de tudo para abrandar. Foi a forma de eu medicar o meu corpo e a minha alma sem tomar nenhum químico. E bastou uma semana completamente desligada do mundo para a minha energia se tornar outra.
Regressei de férias muito mais bem disposta do que o normal.
Pela primeira vez em muito tempo o regresso ao trabalho foi para mim uma coisa super tranquila, sem qualquer tipo de ansiedade ou tristeza por estar a voltar à rotina. O meu sono melhorou MUITO, tenho dormido bem e tenho acordado melhor ainda. Estou claro a fazer suplementação para as minhas carências, mas no geral sinto-me realmente renovada e sei que só consegui isto, porque vivi 9 dias sem tocar no telemóvel. E vocês podem pensar que estou a ser exagerada, mas a verdade é que há cada vez mais casos de FOMO e de Burn Out exactamente porque as pessoas não conseguem desligar. São problemas reais que afectam cada vez mais pessoas e eu acabei por perceber da pior maneira que o excesso nunca é bom em nada.
Mary
O nosso corpo dá sempre sinais quando algo não está bem, nós é que muitas vezes não ligamos logo.
E precisamos dessas pausas, abrandar e recuperar energia só nos faz bem .
Parece-me que foi uma excelente experiências e acredito, firmemente, que seja rica em benefícios 🙂
Beijinhos
Carla Robalo
Olá Vânia, vim espreitar e adorei o artigo…e este bastante \”atual\”…sem dúvida! Volto para ler outros 🙂 beijinhos, Carla