O que significam os números?
Ha uns anos atrás comprei umas calças 34. Gostava do modelo, gostava da cor, eram as calças perfeitas mas com um único senão: não me serviam, mas eu comprei na mesma. Na minha cabeça aquelas calças iriam ser a minha meta. Se entrasse nelas significaria que tinha o corpo perfeito.
Decidi nesse mesmo dia começar uma dieta. Uma daquelas super restritas onde comia muita sopa, muitos legumes, poucos hidratos, muitos sumos, e ainda contava com ajuda de drenantes. Matava-me no ginásio, pesava-me praticamente todos os dias e apesar de nessa altura até estar a perder peso por causa da dieta as calças continuavam a não servir.
Lembro-me muito bem de todas as vezes que eu tentava entrar nas calças e não conseguia.
Chorava muito sabem? Chorava por me achar uma verdadeira incompetente, por achar que não era forte o suficiente para me conseguir comprometer com uma dieta e a levar até ao fim, chorava porque me lembrava que num dos dias tinha sentido fraqueza e tinha comido arroz… Naquela altura a minha relação com a comida era péssima, por isso por mais que alguém me tentasse explicar que a culpa não era das 3 colheres de sopa de arroz que eu tinha comido porque estava a passar mal sem energia, mas sim da minha cabeça e da forma como eu balizava a minha felicidade por um par de calças eu não ia entender, porque para mim durante muito tempo tudo se resumiu a felicidade = um número de peso que eu tinha na cabeça ou um número de calças.
Ora esta altura coincidiu com a época em que fui diagnosticada com síndrome do pânico, onde eu estava a pesar 47 kilos e onde finalmente consegui entrar nas calças que eu queria. E lembro-me como se fosse hoje da sensação de vazio que senti quando me vi ao espelho com aquelas calças. A verdade é que eu andei meses a perseguir aquele objectivo, para mim entrar naquelas calças significava que tinha finalmente alcançado o meu sonho e seria verdadeiramente feliz, mas o que acabou por acontecer foi perder muito peso, ficar com um ar doente e acima de tudo entrar naquelas calças e não me sentir feliz. Era como se todo o esforço que eu tinha tido não significasse absolutamente nada.
E porque é que vos conto isto?
Porque vejo cada vez mais pessoas obcecadas com números na internet, esquecendo-se que números não mostram absolutamente nada do nosso corpo. Em 2014 quando comecei a minha reeducação alimentar eu pesava 54 kilos e tinha 30% de massa gorda. Hoje em dia peso 56 e tenho 20% de massa gorda. Em 2012 quando me foi diagnosticado síndrome do pânico eu vivia obcecada com umas calças número 34 e cheguei aos 47 kilos a sentir-me a pessoa mais inútil de sempre. Hoje em dia tenho calças 34-36-38 e não podia ligar menos ao número que a etiqueta diz. Porque não pode ser um modelo de calças a dizer se eu estou bem ou não fisicamente, tenho de ser eu e a minha capacidade de me ver por inteiro, até porque a roupa é das coisas que mais facilmente pode diferir consoante o modelo ou a marca.
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E do fundo do coração eu adorava que mais pessoas conseguissem entender isto,
Números não são nada, números não dizem absolutamente nada sobre a nossa composição corporal e muito menos sobre a nossa felicidade. Porque tu podes ter até um corpo incrível, digno de revista mas não conseguires comer nada que não seja pesado à grama, como já me aconteceu, e aqui nesta época eu era muito infeliz. A verdade é que nós colocamos demasiadas expectativas nos números e sim, se estás numa situação de perda de peso (ou de aumento) podes controlar os números para acompanhares o teu progresso, mas nunca em momento algum deves questionar as tuas capacidades ou tua força porque o número que idealizas como perfeito não corresponde ao esperado. E tu és demasiado especial, para seres só um número.
Andreia Moita
Devo partilhar contigo que fui transportada imediatamente para o dia em que, zangada, constatei que o meu numero habitual não me servia. Experimentei o número acima. E quando vi que essas calças me serviam não comprei. Tive medo e fiz praticamente um escândalo. Hoje também já percebi que isso do número é isso mesmo, um número, mas é incrível perceber como ele já me
condicionou a vida um dia. Crescemos, compreendemos, aprendemos. Vivemos. Beijinhos!
vânia duarte
Andreia MoitaAcho que já nos aconteceu a todas não é? E às vezes o problema nem é termos aumentado de peso, mas sim modelos e marcas diferentes, mas como disseste vivemos demasiado condicionadas por números e às vezes dá cócó. Um grande beijinho
Mary
É isto, números são números e pronto. É verdade que já cheguei a pensar nisso, mas sinceramente agora não quero saber. Se eu vou às compras, experimento umas calças 40 que me ficam bem, eu trago. Se experimento umas 36 e não servem, pego nas 38. E´como dizes, difere o modelo também.
O mais importante será sempre estarmos bem, saudavelmente bem connosco e sentirmo-nos bem com a roupa que vestimos, seja um número maior ou mais pequeno.
Beijinho
vânia duarte
Marytal e qual, números são apenas isso e se lhes dermos menos importância a vida fica efectivamente mais fáciil 🙂