Eu, a ginástica no Crossfit e o verdadeiro significado de superação
Eu nunca fui boa a ginástica. Em miúda parti a cabeça a tentar fazer o pino. Devia ter uns 7 anos e ganhei um trauma muito grande que só se resolveu algures em 2016 quando voltei a fazer o meu primeiro pino. Os anos foram passando, e enquanto as minhas amigas faziam rodas perfeitas, pinos incríveis, saltos no cavalo, cambalhotas e trampolins eu tinha sérias dificuldades por causa do meu peso e ia-me deixando estar.
Eu já vos expliquei por aqui, que apesar de eu ter tido mais peso na adolescência eu era até bastante boa a educação física. Jogava muito bem futebol ou qualquer outra modalidade que tivesse uma bola. Até tinha algum jeito para a corrida, e se na altura tivesse uns quilos a menos até me tinha safado, mas a ginástica, sempre foi o meu calcanhar de aquiles. E tudo, porque colocar o meu peso em cima dos meus pulsos era muito doloroso.
Ora por causa disto o meu desenvolvimento na ginática foi péssimo.
Mas desde muito nova que sempre gostei desta modalidade. Sempre foi a ginástica que eu mais gostava de ver nos jogos olimpicos – talvez porque não o conseguisse fazer, ficava ali a ver quem conseguia e a sonhar conseguir fazer um pino.
Quis então o destino que em 2016 eu me apaixonasse por uma modalidade que tem uma forte componente de ginástica – o Crossfit. Quis também o destino que apesar de eu ter claramente jeito para weightlifting continue a ser a ginástica aquilo que me deixa com os olhos a vibrar. E é por isso que eu não falto a uma aula de ginástica.
E é engraçado, porque a minha ida à ginástica tem tanto de frustrante como de apaixonante. Eu tenho claramente muitas falhas e muitos medos também. Mas continuo a ir, sempre que há uma aula destas, como forma de provar a mim mesma que a Vânia que não era boa a ginástica no passado por ter excesso de peso, não é a mesma Vânia de hoje em dia. Que já superou uma bulimia. Que já mandou 80 kilos ao ar. Que já deu um chega para lá numa depressão e que após 15 anos a viver em função de dietas conseguiu finalmente dizer que tem paz com a comida e o corpo. A Vânia de hoje superou o trauma de fazer um pino de parede para o fazer sem problemas e até se pendura de cabeça para baixo numa barra.
Eu acabei por perceber que hoje em dia uso a ginástica como um motor que nunca me deixa esquecer onde eu já estive e onde eu estou agora.
Levou-me muito tempo a chegar aqui sabem? Falhei muito, chorei mais ainda e odiei cada pedaço deste corpo mais vezes do que poderia imaginar ser possível, mas consegui, e se eu tive a capacidade de tornar a minha pior inimiga – eu própria – na minha melhor amiga, demore o tempo que demorar eu também vou ter capacidade para me colocar num pino sem parede ou numas argolas.
E é isto que eu procuro explicar às pessoas, quando me pedem conselhos sobre como eliminar compulsões, emagrecer, ou encontrarem um equilíbrio alimentar. Nada se consegue sem esforço e algumas vezes vai doer para cacete. Algumas vezes vai parecer que até estavamos a ir bem e puff escorregamos a damos por nós com a boca num pacote de bolachas. E está nas tuas mãos escolher se queres continuar a comer o pacote até ao fim e ir até ao próximo, ou aceitares que falhaste e seguires em frente. Tal como eu vou ter de cair muitas vezes enquanto me tento colocar em pé num pino sem parede. No fundo tudo se resume a saber lidar com a frustração. E quando aprenderes isso, vai haver um dia em que o pino sai ou… aquele pacote de bolachas já não parece tão incrível.
Ana Beatriz
Tenho adorado ler os teus posts sobre a prática de exercício é quase como uma inspiração!!
Beijinhos ♥
vânia duarte
Ana Beatrizobrigada 🙂
Carolina
Também sempre fui horrível em ginástica, por um trauma também (mas na coluna). Eu ainda não sou boa no ginásio e estou muito longe de o ser, também, atualmente não tenho nenhum perto de onde moro e torna-se difícil poder ir lá. É claro que podia fazer caminhadas, mas desmotivo-me imenso ao fazer isso. O ginásio dá-me mais pica. Antes, dava sempre a desculpa da asma. Sempre sempre sempre. Mas se conseguia controlar a minha respiração na banda, também consigo no treino e é isso que tento por na cabeça todos os dias. Beijinhos <3