Um bilhete de ida para o teu centro
Há dias falava com uma querida seguidora no Instagram sobre esta pressão de termos de fazer coisas a todo o momento, de criar uma vida incrível, de encontrar o significado para tudo, de viver uma vida de abundância, alegria e conquistas. E isto leva-nos à ambição de nos tornarmos melhores, mais capazes e com mais vivências e leva-nos também ao lugar de querermos sempre mais. Muitos passam a vida a querer viajar para poder nutrir a alma de novo conhecimento, outros a querer encontrar oportunidades de trabalho e outros ou a sonhar como seria se tivessem outro corpo.
Eu fui uma delas, desejei demasiadas vezes e durante demasiado tempo ter outro corpo e ser outra pessoa. E desejei isto tão fortemente que nunca me permiti conhecer-me verdadeiramente, e foi por isso que durante muito tempo achei que não era suficiente.
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E esta coisa de nunca nada ser o suficiente,
De acharmos que há sempre melhor se formos mais longe é o que torna a maioria das pessoas infelizes. Porque procuram tanto que nunca se dão verdadeiramente tempo de descobrir aquilo que já têm dentro de si. E esta viagem interna é daquelas que quando tu te permites pode ser avassaladora. Para mim foi, porque me fez enfrentar as minhas crenças pessoais sobre a minha capacidade para enfrentar medos, ou para me superar e por outro lado também me fez ter muitas duvidas sobre a minha real capacidade para curar o medo que eu tinha de comer ou de me ver ao espelho.
Fala-se muito do medo sabes? Medo de arriscar, medo de não correr bem, medo de não estar a fazer a coisa certa. Eu tive muitos medos ao longo dos 15 anos que estive doente. Tive medo de nunca me aceitar. Tive várias vezes medo de morrer, tive muito medo de nunca vir a aceitar-me e hoje em dia tenho medo que tudo isto que alcancei me fuja das mãos. Este medo, esta coisa assustadora que nos condiciona vai existir sempre, tal como quando alguém decide deixar tudo para procurar uma nova oportunidade noutro país, esse medo do desconhecido é verdadeiramente assustador mas só se tu te condicionares por ele.
Nunca te direi para não teres medo ao fazeres esta viagem interna até ti
Nunca te direi porque te estaria a mentir se te dissesse que tudo isto é fácil ou rápido. Nada que tenha a ver com a nossa cura interior é fácil, mas é exactamente quando tu te predispões a ir nesta viagem interna que começas a escrever a tua história. Foi isto que eu fiz, fui com medo porque me cansei de viver com ele entendes? Fui com medo, porque pela primeira vez tive medo de não conseguir viver em paz comigo.
Eu não sou mais forte do que tu, nem mais corajosa acredita, sou uma miúda absolutamente normal que um dia decidiu comprar um bilhete de ida até ao lugar mais longínquo do mundo, o meu centro e lidar de frente com os meus demónios. Eu não fiz absolutamente nada que tu não consigas fazer, a única coisa que me separa de ti é que eu decidi ir com medo, e tu tens nas tuas mãos esse poder. Agora escolhe-te.
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Susana
\”Este medo, esta coisa assustadora que nos condiciona\”, temos que deixar de ver o mesmo como um bicho papão, o Medo não nos condiciona, o Medo protege-nos e ajuda-nos a tomar as melhores decisões. Se não imagina, se não tivéssemos medo fazias tudo o que nos vinha à cabeça e não nos obrigava a parar e refletir que faz ou não sentido para nós fazer determinada coisa.
vânia duarte
Susanagosto deste teu ponto de vista e concordo, mas a verdade é que há muitas pessoas se efectivamente se condicionam por causa de terem medo de arriscar, eu própria já o fiz. É óbvio que o medo é uma óptima ferramenta para nos fazer pensar nas consequências das nossas decisões, mas também pode ser muito limitador se não tivermos aquela dose de coragem para mesmo com medo seguirmos em frente 🙂