Olá. Será que alguém ainda lê blogs em 2021?

Sei que eu leio alguns apesar de no último ano ter andado meio distante deste mundo. Sei também que na teoria, os mestres em marketing de conteúdo dizem que se é para empregar tempo na criação de informação devemos escolher plataformas que estão a crescer e que estão a reter as pessoas como vídeo ou podcasts e que os blogs devem ser o último recurso porque já poucas pessoas os leem. Sei disto tudo porque no último ano fiz várias formações sobre planeamento e estratégia para negócios online que me permitiram aprender ainda mais sobre como comunicar de forma mais eficiente o meu trabalho mas… e se simplesmente me apetecer voltar a escrever sem qualquer estratégia por trás? Estarei a dar um tiro no pé?

O mundo digital mudou muito desde os primórdios dos blogs.

Quando em 2010 lancei este meu espaço digital que se chamava Lolly Taste os blogs eram muito diferentes, eram uma espécie de diário, sem grande planeamento onde se escrevia simplesmente pelo amor à escrita. As coisas evoluíram muito porque o mundo percebeu a importância do digital (quando fiz a minha especialização em Web Design lá em 2009 já suspeitava que o digital ia ter um boom) as redes sociais surgiram e tudo mudou. A forma como consumimos informação tornou-se mais imediata e claro os blogs foram ficando para trás. A presença online tornou-se muito mais pensada e cuidada e tudo hoje em dia tem a ver com posicionar da melhor forma o teu negócio ou projeto. 

Isto faz sentido claro para quem tem um negócio online e eu própria tornei-me muito mais meticulosa com a forma como apresento o meu conteúdo, mas… durante o meu detox digital que fiz todo o mês de Agosto voltou a surgir-me algo que há muito tempo não sentia, uma necessidade e vontade vorazes de escrever apenas por escrever. Sem estratégia, sem ter a ver necessariamente com o meu negócio, simplesmente sentar-me e escrever. E lembrei-me do que sentia quando me sentava ao computador e deixava a escrita fluir, era calmante e muitas vezes catártico até. Era uma forma de lavar a alma. 

É provável que para muitos especialistas isto seja uma espécie de perda de tempo que devia ser empregue em criação de conteúdo que converta em clientes, mas não estaremos nós a ficar demasiado formatados dentro de caixinhas e nichos que nos dizem que se queremos vingar no digital temos de estar a criar mais e mais conteúdo de acordo com as nossas temáticas?

E se não me apetecer falar só de Yoga e Thai Massagem

Tal como me deixou de fazer sentido falar sobre a minha história de superação de distúrbios alimentares? E se aquilo que me completa enquanto ser humano passa por me sentar com uma página branca e escrever sobre aquilo que realmente me apetece mesmo que esteja a anos luz das temáticas comuns? Estarei a perder a corrida no que toca ao cimentar a minha influência dentro das minhas áreas de atuação ou estarei simplesmente a mostrar a mim mesma e a quem me acompanha que há muito mais que me compõe?

Quero acreditar na segunda hipótese e acima de tudo quero acreditar que viver demasiado agarrado a estratégia torna-nos muito mecânicos e pouco orgânicos. E é por isso que acho que os blogs antigamente tinham tanto sucesso, porque eram escritos sem pretenderem ser coisa nenhuma, era simplesmente escrever. Talvez isto seja cringe – se não sabes o que é esta nova palavra lê o post fabuloso da minha querida Andreia Moita – mas tenho saudades do tempo em que o digital era um lugar onde se pensava muito pouco no que íamos ganhar com determinado assunto. 

E foram exatamente estas saudades que me trouxeram de volta à escrita. Não sei se será um regresso duradouro ou se mais cedo ou mais tarde irei perceber que não tenho tempo para manter com regularidade este espaço, mas sei que uma das coisas a que sempre me mantive fiel foi escrever quando o coração mandava e se ele agora me pede para voltar a dedilhar palavras sem grande intenção, pois que assim seja. 

Porque sejamos sinceros, escutar mais o coração nunca fez mal a ninguém não é?

Se gostaste deste post partilha-o no Pinterest