Este tempo interno (que por vezes desvalorizamos)
Voltei. Pelo menos acho que sim. Voltei nem sei bem do quê nem de onde, porque na verdade não fui a lado nenhum físico, mas quero acreditar que este tempo que estive desconectada do online me ajudou a viajar até ao meu centro e a voltar a reconectar-me à minha energia que estava assim meio para o apagada.
Não aconteceu nada de importante para que esta minha ausência se tivesse dado
E na verdade nem sequer foi algo pensado, simplesmente a coisa deu-se. Janeiro foi um mês de turbilhões, de coisas muito boas e de coisas menos boas. Começou com um ataque de pânico muito grande do qual já vos falei aqui, e logo de seguida seguiu para uma grande gripe que me atirou para a cama e que durante 2 semanas me deixou completamente de rastos, sem vontade de comer e muito menos com vontade sequer de pensar em treinar. Nesta altura senti efectivamente a minha imunidade em baixo e justamente neste mês, aconteceram uma série de coisas maravilhosas, às quais eu dei todo o meu coração mas que acabaram por mexer com as minhas rotinas e com a pouca energia que eu tinha.
Comecei dois cursos em Janeiro a par de um outro que estou a terminar, fui speaker no #sheworks e irei falar disso esta semana, entre outras coisas que ainda não posso revelar, e tudo apesar de ser maravilhoso acabou por mexer muito com o meu equilíbrio energético e eu senti que precisava mesmo de parar.
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E assim aos poucos comecei a desligar-me das redes sociais
Foi algo sem pensar, mas comecei a perceber que sempre que abria o Instagram sentia-me estranha, não queria ver aquelas pessoas, não queria ver aquelas fotos, nem aquelas frases inspiradoras e muito menos queria estar naquele papel de pessoa que inspira e ajuda os outros. Era como se de repente tudo me tivesse deixado de fazer sentido e quando isto acontece eu começo a questionar o porquê de por cá andar. Porque sim tudo isto é muito giro, ter um blogue é giro, conhecer novas pessoas também, ser reconhecida por aquilo que faço idem mas para mim, nada é mais importante do que estar cá com sentido e com verdade.
E isto é importante para mim, porque eu sei que a mensagem que este blogue traz é muito forte e importante para muitas mulheres que me seguem ou que me encontram ao acaso na internet. Sei que aquilo que escolhi fazer ao contar a minha história, acaba por me tornar uma referência ou inspiração para quem luta diariamente contra os seus demónios emocionais com a imagem e a comida. E se tudo isto sempre foi e é feito com o máximo de responsabilidade e respeito por quem vem ter comigo e me lê, também tem de existir quando estou em fases assim, em que não me apetece ser absolutamente nada para ninguém no mundo digital.
Porque a verdade é que há alturas em que não me apetece ser inspiradora nem motivadora
Há alturas em que não me sinto preparada para ler mensagens nem e-mails, ou não me apetece publicar o pequeno-almoço incrível nem o texto cheio de esperança e alento. E assumir isto para mim é provavelmente das maiores conquistas e provas de segurança para comigo própria que eu poderia dar, porque eu só poderei ser realmente boa para os outros se for boa para mim primeiro. E o primeiro passo para isto, é respeitar o meu tempo interno, saber parar quando é necessário e regressar quando sinto que estou pronta.
E esta capacidade é algo que agradeço muito ter ganho, porque num mundo onde diariamente surgem inspirações e novas pessoas com histórias incríveis é fácil ficar agarrado a esta ilusão de que se nos desligarmos vão esquecer-nos, se não estivermos sempre ali a dar um like ou a comentar foto atrás de foto o próprio algoritmo vai deixar-nos para trás e acima de tudo é fácil achar que as redes sociais têm mais importância do que realmente têm.
Talvez tudo isto seja fruto de eu já andar por aqui há quase 9 anos, de já ter visto muitos projectos nascer e morrer e saber que os que cá continuam são fruto de muita resiliência ou então, para além de equilíbrio emocional com a comida e com o meu corpo, ganhei finalmente segurança em mim própria para saber que parar quando o corpo e a alma pedem, são o maior acto de verdade que posso dar a mim e a vocês e isto basta-me para saber que este blogue continua a fazer sentido enquanto eu me respeitar desta forma.
Posto isto estou de volta.
Tatiana Albino
Pausas também sabem bem <3
Tive um jantar na semana passada com pessoas a quem quero muito bem e que não via há 7 anos. A conversa do "ai temos de nos ver mais vezes e que tal se combinássemos todos os meses um jantar e pronto?" e eu tive o desplante de dizer que não achava boa ideia. Precisamente por causa da obrigatoriedade. O ser humano não funciona assim. Prefiro ver estas pessoas de forma genuína, que seja intenso, que haja saudade. Forçar algo quando não o sentimos é tão pouco natural… em tudo. A obrigatoriedade de publicar isto ou aquilo obedece também a esta natureza humana que é só nossa. Pausas também fazem falta.
Posto isto, ainda bem que estás de volta.
vânia duarte
Tatiana AlbinoConcordo tanto contigo, tem de haver saudade, tem de haver vontade, tem de haver acima de tudo verdade no que fazemos, seja ir jantar com amigos seja mandar cá para fora um post e se isso só acontece pela obrigatoriedade mais cedo ou mais tarde acabamos por desistir das coisas. Pausar e respeitar a nossa vontade é dos maiores actos de amor que podemos dar a nós e aos outros. beijo grande minha amora.
Rita
Post sinceros como este é que são precisos na web. Obrigada por partilhares os teus desabafos porque todos somos humanos e temos dias melhores e piores que outros.
vânia duarte
Ritaobrigada pela força 🙂
Catarina Vasconcelos
Estas pausas são tão importantes. Como tão bem disseste, é respeitarmo-nos e respeitarmos a nossa vontade de resguardo e silêncio. Numa era em que é quase obrigatório publicar [o que quer que seja] diariamente, saber parar e viver offline [que é onde tudo realmente acontece!] é essencial!
[Mas ainda bem que estás de volta eheh 🙂 ]
Um grande beijinho**