Quando eu própria não me reconheço
Uma coisa que tenho aprendido nestes últimos dois anos, em que tenho traçado este caminho de me curar interiormente, é que nada, absolutamente nada é linear. E isto tanto pode dar, para existirem alturas de maior motivação versus desmotivação completa, como para a forma como nos vemos a nós próprias.
Eu vivi muitos, muitos anos mesmo com uma imagem corporal completamente distorcida. Na minha cabeça, eu nunca fui bonita, magra ou fit o suficiente, e é por isso que durante muito tempo, eu fui a minha maior bully. Porque para mim, por mais que eu me esforçasse, nunca era o suficiente para me afastar da imagem que se instalou em mim, e que era a de uma pessoa muito maior do que a realidade, e acima de tudo, de uma pessoa muito mais imperfeita e não merecedora de qualquer tipo de atenção.
E foi exactamente por ter vivido durante muitos anos com uma péssima auto estima
Que sempre balizei por baixo as minhas relações – fossem de amizade ou de amor. Sempre achei que não merecia o melhor, porque não era suficientemente boa para ter o melhor. Sempre achei que não merecia ter destaque em nada, porque não tinha nada de bom para oferecer. E sempre achei que não valia a pena deixar que me fotografassem porque toda e qualquer fotografia com a minha cara/corpo iria ficar péssima.
Este foi um sentimento enraizado em mim durante muito tempo. 15 anos mais precisamente e apesar de eu ter noção que hoje estou tão mais saudável, equilibrada e consciente das minhas conquistas, não posso esperar que 2 anos curem 15 anos de maus hábitos mentais sobre a minha imagem corporal. Ora, tal como já expliquei neste post onde vos falo do medo de me expôr fisicamente, eu tenho-me esforçado muito para combater o meu medo de me ver em fotografias e por isso no último ano e meio fiz várias sessões fotográficas, como forma de me ajudar a conseguir ver-me verdadeiramente.
E apesar de estar a conseguir isso aos poucos
Ainda tenho alturas em que recebo fotos minhas e fico realmente sem acreditar que eu sou aquela pessoa. E isso aconteceu exactamente com a foto que acompanha este post e com uma série de outras fotos incríveis tiradas nesta sessão pela minha Margarida Pestana. A minha primeira reação não foi de todo de orgulho, mas sim de espanto por me ver nesta e noutras fotos e gostar. Quase como se estivessem de olhos vendados à espera para abrir um presente e quando o abrem, fosse uma coisa tão inacreditável que a reação mais do que alegria, é de um medo profundo que aquilo não seja verdade.
E às vezes, eu sinto medo de tudo isto não ser verdade sabem?
Porque vivi tantos anos com um profundo ódio sobre mim própria, que estar aqui neste estado de paz em que estou hoje é maravilhoso, mas ao mesmo tempo assustador, porque estas fotos mais do que um corpo saudável representam um espírito que vive finalmente em paz. Um espírito que pode finalmente descansar e simplesmente viver. E sim isto é bom, é tão bom que às vezes dou por mim a não acreditar que consegui vencer a maior parte dos demónios que me acompanharam, e a ter medo que esta paz me seja retirada.
A verdade é que o meu corpo mudou muito ao longo de todos estes anos, mas eu garanto-vos que nunca poderia ter tirado fotos destas se a alma não estivesse curada e é quando entendo isto que dou por mim a perceber que foi muito mais do que o meu físico que mudou. É esta percepção da minha beleza, do meu poder e de tudo o que tenho para dar que é novo para mim, e isto tem tanto de apaixonante como de assustador.
No fundo é este sorriso leve que consigo largar hoje em dia ao ver-me numa foto, que acaba por ser uma novidade boa para mim. E um reconhecer que aquela que ali está sou efectivamente eu. Perfeita de corpo. Mas acima de tudo perfeita de alma.
Se querem fazer uma sessão fotográfica que vos ajude a olharem-se com verdadeiros olhos de amor, façam uma sessão com a Margarida. Garanto-vos que não se vão arrepender.
Andreia Fernandes
Obrigada por este post mais uma vez tão inspirador!
vânia duarte
Andreia Fernandesobrigada eu por me leres 🙂
Mary
Vânia, que publicação inspiradora!
Nem sempre comento, mas as tuas publicações deixam-me sempre feliz, por saber que encontraste a tua paz e que passo a passo te sentes cada vez melhor contigo, com o teu corpo, é tão bom quando encontramos isso.
Esta realidade que foi a tua, também éfoi a de muita gente e é ótimo que faças relatos destes, de esperança e de valor, porque é tão importante aprendermos a acreditar em nós e nas nossas capacidades.
Parabéns por isso e obrigada por estas partilhas! Há dias maus, mas os bons compensam quase sempre tudo 🙂
A fotografia está mesmo incrível!
vânia duarte
Maryquerida Mary fico tão feliz em saber que aquilo que escrevo é sentido dessa forma tão bonita. Obrigada do fundo do coração por tanto carinho. A fotografia está de facto maravilhosa, a margarida pestana tem muito talento 🙂