No fim fica sempre tudo bem – Ansiedade
“No fim fica sempre tudo bem”. Esta era uma frase que a minha psicóloga me dizia, quando fazíamos sessões guiadas de meditação, para eu aprender a respirar em momentos de pânico. Na verdade ela dizia muitas coisas mas esta frase, sempre apaziguou o medo que eu tinha de não conseguir lidar com um ataque de pânico ou melhor, o medo que eu sempre tive de morrer por causa de uma coisa destas. E sim eu sei que é algo que não acontece. Mas na verdade sei disto, quando estou a pensar com a cabeça e não com o coração, porque mesmo hoje em dia, que já não tenho ataques tão frequentemente, quando acontecem ainda me passa pela cabeça: Será que é desta?
Há uns meses tive um ataque de pânico na cama.
Daqueles grandes. Daqueles fortes e intensos que me fazem entrar numa espiral de medo e me deixam com o corpo completamente descontrolado. É sentir o coração na boca sabem? É sentir-me num ponto em que a qualquer momento vou perder os sentidos e em que todo o meu corpo treme de uma forma descontrolada. É sentir que não tenho controlo de nada e que a minha vida está presa por um fio. É sentir que vou desta para melhor a qualquer momento.
Neste dia usei quase todas as técnicas que conheço e que já partilhei com vocês aqui para me controlar. Eu tenho medicação, mas não gosto de a tomar porque me faz mal. Porque depois sinto-me muito ausente de mim e de todos e por isso, é sempre o meu último recurso. E respirei para dentro do saco, tomei o banho quente e agarrei-me com a vida aquela chávena de chá a escaldar, para deixar que o calor invadisse o meu corpo enquanto pedia que aquilo passasse com lágrimas a caírem-me pela cara
Estas técnicas ajudam muito mas não são infalíveis.
E por isso, nada absolutamente nada, neste dia deu resultado e isto ajudou a escalar o meu ataque. Até que me lembrei desta frase “no fim fica sempre tudo bem” e comecei a dizê-la para mim. Comecei a dizê-la com toda a força e a tentar relembrar-me que de facto eu sofro de ansiedade há 4 anos e nunca morri. Que de facto eu já estive medicada durante um ano, já visitei o hospital mais vezes do que gostaria, já senti que era o meu último minuto na terra e no final ficou sempre tudo bem.
E agarrei-me a estas memórias e a este mantra o mais que pude, enquanto o meu gato fez o melhor trabalho que pode quando estou assim – ronronar bem perto da minha cabeça porque a vibração dele ajuda-me a não me focar nas minhas batidas cardíacas – e aos poucos muito aos poucos tudo passou.
Há 4 anos quando comecei a sofrer de ansiedade e ataques de pânico
Eu achava todos os dias que ia morrer. Hoje em dia apesar de ter isto mais controlado e de falar abertamente sobre este tema, sempre que acontece eu ainda acho que posso morrer. Mesmo estando aqui a escrever isto, mesmo sabendo que não vou morrer, eu ainda penso nisto quando tenho um grande ataque de pânico.
Mas de todas as vezes que isto acontece, eu agarro-me com toda a força a este mantra e procuro fazer o meu corpo perceber que tudo passa. Mesmo que o medo se apodere de mim, mesmo que chore descontroladamente, eu procuro sempre dizer bem alto esta frase e agarrar-me a todas as vezes que de facto tudo acabou bem. Porque esta é mesmo a maior verdade, tudo acaba por passar, leve mais ou menos tempo.
Sejam crises de ansiedade, de compulsão alimentar ou simplesmente um desgosto de amor, no final fica sempre tudo bem. Basta confiar.
Miguel Oliveira
Quem tem kitties tem protecção divina 😉 <3
Margarida Aires
vai ficar tudo bem porque tu és uma guerreira e uma inspiração 😀
Ana Beatriz Pereira Martins
Que tudo de corra bem, és forte!!
Beijinhos ♥
Ana Couceiro Pires
Abri este post porque o “no fim fica sempre tudo bem”, é uma frase que sai da minha boca muitas vezes! 🙂
O meu pai costuma dizer “mas qual é o problema?”, de uma forma tão clara que acalma qualquer alma. A minha mãe olha para o problema e pergunta “então mas podia ser pior! Podemos fazer x ou y!”. Acho que por ter dois seres assim, desde que me conheço por gente, sempre na minha retaguarda aprendi eu também a minha frase: no fim fica sempre tudo bem! E sei que é realmente uma grande arma que tenho: saber que tudo passa, que o tempo em que dói e sufoca também é necessário se vivido, que quanto mais rápido aceitarmos que não está tudo bem, mais rapidamente fica tudo bem.
Um grande beijinho Vânia ❤️
vânia duarte
Ana Couceiro Piresquerida Ana a tua positividade é um bálsamo neste mundo sabias? E eu com o passar dos anos tenho de facto aprendido a interiorzar este mantra porque efectivamente demore o tempo que demorar no fim fica sempre tudo bem 🙂
Isabel
Consigo identificar-me com tudo o que escreves de uma forma que nem consigo pôr em palavras. Conheço poucas pessoas que, como tu, conseguiram identificar e ir à raiz do problema, das sensações, dos pensamentos e explicá-lo com tanta objetividade e sem adornos que só servem para confundir ainda mais. O meu pensamento desses momentos não é que vou morrer, mas que posso enlouquecer/colocar-me me perigo/fazer algo que me envergonhe, o que no fundo é forma de morte social, não é?! Enfim, o objeto pode ser diferente, mas o processo é o mesmo, naquele momento só queremos deixar de sentir aquelas sensações tão avassaladoras que continuamente nos dizem que nunca vão passar. E, embora, pareça que é sempre a primeira vez e não haja uma solução mágica e imediata, a verdade é que se ter vários tem algum lado positivo, é esse, é conseguirmos acreditar um bocadinho que mais tarde ou mais cedo, vai passar. A última vez que tive um mais intenso, há cerca de 2 anos, naturalmente comecei a dizer para mim, ininterruptamente: está tudo bem, vai passar, está tudo bem, vai passar… e não é que passou… lol.
Após terapia e uma pesquisa intensiva ao longo de muitos anos em livros e na internet sobre os motivos, o processo e técnicas de ajuda, o que senti que me ajudou, como a cereja no topo do bolo, foi a meditação, não aplicada àquele momento, mas diariamente. Ajudou-me a baixar os níveis de ansiedade e, naturalmente, não chego tão facilmente àquele nível de ansiedade. No entanto, sei que pode voltar a acontecer, mas cá estaremos para gritar que está tudo bem!! You rock 😉
Isabel
Consigo identificar-me com tudo o que escreves de uma forma que nem consigo pôr em palavras. Conheço poucas pessoas que, como tu, o conseguiram identificar e ir à raiz do problema, das sensações, dos pensamentos e explicá-lo com tanta objetividade e sem adornos que só servem para confundir ainda mais. O meu pensamento desses momentos não é que vou morrer, mas que posso enlouquecer/colocar-me me perigo/fazer algo que me envergonhe, o que no fundo é forma de morte social, não é?! Enfim, o objeto pode ser diferente, mas o processo é o mesmo, naquele momento só queremos deixar de sentir aquelas sensações tão avassaladoras que continuamente nos gritam que nunca vão passar. E, embora, pareça que é sempre a primeira vez e não haja uma solução mágica e imediata, a verdade é que se ter vários tem algum lado positivo, é esse, é conseguirmos acreditar um bocadinho que mais tarde ou mais cedo, vai passar. A última vez que tive um mais intenso, há cerca de 2 anos, naturalmente comecei a dizer para mim, ininterruptamente: está tudo bem, vai passar, está tudo bem, vai passar… e não é que passou… lol.
Após terapia e uma pesquisa intensiva ao longo de muitos anos em livros e na internet sobre os motivos, o processo e técnicas de ajuda, o que senti que me ajudou, como a cereja no topo do bolo, foi a meditação, não aplicada àquele momento, mas diariamente. Ajudou-me a baixar os níveis de ansiedade e, naturalmente, não chego tão facilmente àquele nível de ansiedade. No entanto, sei que pode voltar a acontecer, mas cá estaremos para gritar que está tudo bem!!
You rock 😉
vânia duarte
IsabelA meditação diária também me ajuda muito e efectivamente quando este ataque aconteceu eu andava a desleixar-me muito com a minha prática. Obrigada pela tua partilha 🙂