Yoga é sobretudo sobre compaixão por ti e pela vida.
Digo muitas vezes que o Yoga em que acredito é o Yoga Medicina, que traz na sua origem e essência o intuito de prevenir e curar.
O Yoga entrou na minha vida em 2013 por aconselhamento médico, para lidar com a abstenção de um anti depressivo e ansiólitico, após ter sido diagnosticada com Síndrome do Pânico.
Na altura achei a sugestão idiota, porque achava que era uma coisa demasiado parada para mim, uma pessoa viciada em ginásio e treino pesado, mas pensei que não perdia nada em experimentar.
A verdade é que odiei a primeira aula e provavelmente odiei quase todas as aulas no primeiro ano, mas fiquei porque mais do que as posturas era todo o trabalho a nível respiratório que me ia ajudando aos poucos a voltar ao meu equilíbrio sem medicação. E assim apesar de não adorar fui ficando, ano após ano, uma vezes mais regular, outras nem tanto mas procurei sempre estar presente semanalmente no tapete.
Em Dezembro de 2017 decidi abandonar a prática a por desencanto. Desencanto com a forma como estava a ser vendido e por achar que me faltava muita flexibilidade para ter uma prática perfeita (seja lá o que isso for).
Mas quis o destino que poucos meses depois uma pessoa me levasse de arrasto até ao Ashtanga Carcavelos, e eu que só fui para fazer a vontade, acabei por ficar até hoje e tenho no Ashtanga a minha grande casa enquanto praticante apesar de não acreditar que existam métodos perfeitos nem defender nenhum. Acredito no Yoga isso sim.
Acredito num Yoga para todos. Num Yoga em que qualquer pessoa independentemente da sua condição física, raça ou credo pode praticar. Defendo uma prática com abordagem consciente sobre o corpo humano, e respeito pela individualidade de cada um.
Aquilo que mais mudou em mim nos últimos anos foi a forma como vejo o Yoga, um Yoga onde verdadeiramente o que importa é que tenhas compaixão por ti e onde todos sem excepção podem praticar sejam ou não flexíveis.
Quem já praticou comigo sabe que a minha prática é vigorosa mas com muito respeito pelo corpo e pelos limites de cada um. Sabe que mais do que um ásana bonito eu quero simplesmente que estejas presente. E sabe acima de tudo que na minha sala o que importa é ouvires o teu corpo e a tua alma.
Há um voltar a casa de cada vez que eu estico o tapete.
À minha casa dentro de mim mesma. Esta casa que nem sempre é incrível, linear nem bela mas que é minha. Tal como a prática. Tal como a vida. É isto que o Yoga mais me dá, uma profunda noção de estar.
No Yoga em que acredito só precisas de ser flexível na cabeça.
Para entenderes que ficares em equilíbrio nas mãos não te torna melhor pessoa, mas dares essas mesmas mãos a quem mais precisa sim.
O Yoga em que acredito não tem credos, raças, nem elites. É um Yoga que serve a todos, aos gordos, aos magros, aos muito flexíveis e aos nada flexíveis, aos que adoram e aos que acham que nunca serão capazes por vergonha.
É um Yoga de seres humanos. É um Yoga onde no tapete todos sem exceção são iguais. Porque para mim Yoga é celebrar a vida.