Páginas Salteadas: Barras de Granola Vegan e uma história de desapego
E na terceira semana chegam as Barras de Granola Vegan para a minha participação no Páginas Salteadas.
Este projecto teve o pontapé de saída com a maravilhosa receitas de mexilhões da Joana e continuou na semana a seguir com um brunch que respira conforto da querida Catarina.
Falando-vos sobre a minha participação.
A Rute divide o livro Simplifica a tua Vida em 9 passos e foi no primeiro passo – Desapego – que encontrei o fio condutor que iria guiar as minhas palavras directamente para o vosso coração. Tudo no capítulo do Desapego me fez sentido, especialmente porque eu já vos tinha contado neste post que durante muitos anos vivi apegada a uma Bulimia e que foi complicado largá-la.
E podia até não fazer sentido eu voltar a falar de desapego se já o fiz antes. Mas uma das frases que mais me marcou neste capítulo foi Amar é Libertar e estando eu a viver possivelmente a época mais calma e pacífica da minha vida relativamente ao meu corpo, percebi que tinha de voltar a falar em desapego.
Porque mais do que ter vivido apegada a uma bulimia durante alguns anos da minha vida, eu vivi 15 anos apegada a uma imagem corporal completamente desfasada da realidade. Eu vivi 15 anos apegada a uma utopia e a um constante sentimento de insatisfação. Eu vivi 15 anos da minha vida apegada ao desejo de ser melhor, mais bonita, mais magra, mas espectacular sem perceber que este apego tão tóxico me estava a reduzir enquanto ser humano.
Passei muitos anos da minha vida a comparar-me e a sentir-me injustiçada.
Porque tinha a anca larga. Porque não tinha a barriga lisa. Porque não conseguia alcançar o corpo seco e definido que sempre imaginei como perfeito para mim. E exactamente por isto grande parte da minha vida foi passada em dietas. Porque o meu apego pelo controlo físico era demasiado grande.
O problema deste tipo de apego tóxico é que começa ao poucos a apagar a nossa essência enquanto ser humano. E acabamos por nos reduzir a um nada que vive exclusivamente para aquele apego. E eu infelizmente sempre vivi em função de uma imagem corporal.
E dói-me quando olho para trás e vejo o que este apego emocional e físico me fez. As cicatrizes que deixou, o choro, a tristeza e a constante insatisfação de uma mente que simplesmente não percebia que era exactamente aquele apego que a impedia de ser perfeita.
Não há mal em querermos ser melhores.
Não há mal em querermos melhorar o nosso físico. Eu já tive 80 kgs e perdi-os. É verdade que não foi da melhor forma mas perdi-os, tendo posteriormente procurado ajuda nutricional para aprender a comer. Portanto o problema não está em querermos melhorar o nosso físico mas sim em perceber quando algo começa a chegar a um limite perigoso de obsessão.
É fácil deixarmo-nos levar hoje em dia nesta corrente de procura do corpo perfeito. Porque diariamente recebemos informação sobre tudo e um par de botas. Todos sabem o milagre para a perda de peso. Todos sabem o milagre para a barriga seca e definida. Todos treinam, e ninguém falha treinos. Todos comem verdadeiramente saudável e sem asneiras. Todos fazem isto tudo e todos mentem. Tal como eu já menti várias vezes ao longo da minha vida quando partilhava uma rotina muito saudável e não vos contava que por trás vivia em compulsão.
E é esta informação diária que vamos enviado ao nosso cérebro, que não podemos falhar.
Que é errado ter barriga. Que é errado falhar treinos, porque simplesmente naquele dia não apeteceu, faz com que os nossos apegos emocionais com a comida se transformem facilmente em distúrbios.
Não podemos começar a construir uma casa pelo telhado e da mesma forma não podemos mudar o nosso corpo sem a mente estar limpa por dentro. Não podemos acima de tudo ter sucesso numa perda de peso, quando não entendemos que só o podemos fazer por nós e não para que estranhos por essa internet fora nos aplaudam. Porque a verdade é que quando a razão não é a correcta apegamo-nos demasiado à valorização externa. E quando caímos dói muito mais, porque ninguém está lá para nos segurar a mão.
E foi exactamente depois de ter caído bem fundo o ano passado, que percebi que estava cansada deste apego tóxico que tinha dominado a minha vida. Estava acima de tudo cansada de me apegar a um ideal de beleza que me fez muito mais mal do que bem. E ninguém em momento algum, deveria tratar o corpo da forma que eu tratei.
E libertei-me.
Porque Amar é libertar. E eu decidi abrir o meu coração e dar espaço para aprender a viver uma vida sem obsessões físicas. Sem comparações. E isto foi sem dúvida a maior prova de amor para comigo própria. O meu caminho para a cura interior começou quando eu libertei de vez o medo de me olhar com olhos de ver.
O desapego seja do que for não é fácil. Mas garanto-te que quando o conseguires fazer irás sentir que o teu corpo flutua. E esta leveza de um corpo que percebe que não há nada de errado consigo é o primeiro passo para te sentires a pessoa mais bonita do mundo.
Acabei por mudar muitos vícios alimentares
Deixei de olhar para a alimentação e para o exercício como se fosse uma lista de compras. Porque uma mudança tem de ser sempre adaptada a ti e às tuas necessidades. E não pode ser entendida como algo que fazendo checkem alguns pontos te dá pontuação máxima.
E uma das coisas que mudei foi a quantidade de coisas que comia supostamente saudáveis como as barras de proteína. A verdade é que todas as pessoas comem. É-te incutido que são uma óptima opção de lanche ou de pré treino e tu comes. Porque se o mundo fitness o diz é porque é verdade. E tens pessoas a comerem chocolates só porque tem proteína, mas se comerem um chocolate “normal” já precisam de ir a correr para o ginásio compensar.
E este tipo de produtos foi das coisas que mais me desapeguei, dando preferência para barras feitas por mim. Porque sim eu adoro barrinhas de cereais e são mesmo um excelente snack para Simplificar a Vida. Portanto nada melhor do que vos trazer a minha receita de Barras de Granola Vegan para alegrar os vossos snacks.
Como fazer as Barras de Granola Vegan com Manteiga de Amendoim?
Ingredientes
- 180 g de flocos de aveia
- 80 g de amêndoa laminada
- 30 g de sementes de girassol (usei uma mistura que também trazia chia e sésamo)
- 20 g de coco laminado
- 128 g de manteiga de amendoim ou outra que prefiras
- 60 ml de mel ou outro adoçante que queiras (opcional)
- 20 tâmaras medjol
Preparação
- Coloca os flocos de aveia, as amêndoas e as sementes de girassol num tabuleiro. Leva ao forno pré aquecido a 175º durante 15 minutos ou até começar a ficar dourado.
- Retira do tabuleiro e deixa arrefecer. Depois coloca tudo num processador de alimentos, junta o coco laminado e mistura até obteres uma farinha.
- Adiciona de seguida as tâmaras (retira o caroço antes), juntamente com a manteiga de amendoim e o mel. Mistura tudo até obteres uma bola dentro do processador. Consoante o teu processador, este passo requer alguma paciência.
- Retira a mistura e espalha-a num tabuleiro. Depois com a mão ou com a base de um copo comprime bem a mistura. Coloca depois no frigorífico durante 1h.
- Corta como preferires (quadradinhos ou rectângulos) e tens as tuas barras prontas para os teus snacks da semana.
Acompanhem as receitas das minhas parceiras no projeto Páginas Salteadas:
Catarina Sousa, Joan of July
Joana Clara, As Cavalitas do Vento
Andreia Moita, Andreia Moita Blog
Compra aqui os produtos para esta receita
Xana Nunes
Olha que tenho adorado todas as receitas deste projecto, mas esta tua superou todas e dá-me ideia que ainda a vou recriar hoje, acreditas?! 😀 Depois partilho tudo nas redes sociais. Um beijinho e obrigada pela partilha cheia de amor <3
Xana Nunes
Uma dúvida: há alguma diferença entre as tamaras que encontro no supermercado e as tamaras medjol que referes no post? Beijinho*
vânia duarte
Xana NunesOh minha querida muito obrigada. Que elogio tão bom 🙂
Experimenta e depois diz-me o que achaste hehehehe.
Quanto às tâmaras sim há diferença. As que se compram em supermercado normalmente têm açúcar adicionado. Se reparares são brilhantes isso é açúcar. As medjol são um adoçante natural, portanto acabam por ser mais saudáveis. Mas podes fazer com as normais se quiseres 🙂
Margarida Pestana
Vânia, meu amor. Gosto tanto de te ouvir falar cheia de orgulho de ti. Mesmo depois de tudo o que passaste, por todas as dores e sofrimento. És uma mulher e pêras e só me consigo sentir motivada quando leio tudo o que escreves. Amar é libertar, é algo lindo. E este tema – desapego – diz-me tanto, em vários sentidos. Obrigada, por deitares cá para fora todas as tuas experiências e crescimentos. Ensinas-me sempre muito. Gosto muito de ti. ♥️
Margarida Pestana
Ahhh e já me esquecia. Vou fazer essa receita um dia destes. Aiiii essas fotos maravilhosas 😍 Que orgulho!