Gorda como assim? | O meu passado com excesso de peso
Normalmente é o que me perguntam quando digo que já tive excesso de peso à séria. Depois mostro algumas fotos como a de cima e as pessoas ficam de boca aberta. Sempre tive muita vergonha de mostrar fotografias do meu eu antigo. Aliás acho que tenho poucas porque rasguei a maioria. Mas no final de Março uma pessoa que estudou comigo enviou-me estas fotos do tipo: olha nós super giras – e eu chorei por duas razões.
A primeira porque sofri com o excesso de peso
Até aos meus 13 anos eu era muito magra. Comia muito pouco e por isso as minhas alcunhas variavam entre Olivia Palito ou cratera – porque tinha muitas borbulhas na testa. Depois nessa altura, apareceu-me a menstruação e o meu corpo mudou muito – o meu apetite também admita-se. Eu comecei a engordar sem me aperceber disso. Até que ao chegar ao secundário, calhei numa turma com duas miúdas super giras e populares e num belo dia ao chegar à escola uma delas diz: “As tuas ancas são tão grandes que dá para perceber que és tu a 1km da escola”.
Eu ri-me porque tinha sempre um ar descontraído e fiz de conta que não percebi. Mas aquilo mexeu de tal forma comigo que pela primeira vez na minha vida cheguei a casa, parei em frente a um espelho e senti-me mal comigo. E foi aqui que comecei a vomitar e a cortar nas coisas que comia. Emagreci alguns kilos mas comecei a ficar muito doente do estômago. E um dia a minha mãe já desconfiada que algo se andava a passar apanhou-me a vomitar o jantar na varanda e levou-me ao médico a onde me diagnosticaram bulimia. Fui acompanhada, demorou alguns anos até que deixasse mesmo de vomitar, mas consegui. No entanto a nível psicológico, a minha recuperação foi muito complicada e aquela frase sempre me perseguiu. Daí eu ter uma ligação muito emocional com a comida.
A segunda razão que me levou a chorar ao ver esta foto
Foi porque no início deste ano eu estava com a melhor forma física de sempre. Estava focada em exercício e alimentação e na altura que vi esta foto estava numa verdadeira restrição alimentar. Olhei para ela e voltei a ver-me assim. Tal e qual quando eu tinha vinte e tal kilos a mais. E tive tanto medo de voltar a este patamar que acabei por fazer pior e arruinar o meu organismo.
- Podes reler este post Falhar é Humano
Isto não é uma coisa de agora. Há uns anos atrás estive com uma psicóloga que percebeu o meu problema emocional com a comida e o meu corpo, e me pediu para desenhar numa folha como é que eu me via. Eu fiz o corpo igual ao que tinha na primeira foto. Depois ela pediu-me para me deitar em cima desse desenho e com uma caneta contornou o meu corpo. O resultado foi metade do desenho que eu tinha feito e eu fiquei apavorada com a forma distorcida como me via.
Não é fácil lidar com fantasmas do passado. Eu sei que tenho tendência a engordar e o meu medo às vezes sobrepõem-se à razão. Mas acima de tudo quero encontrar a tranquilidade para aceitar que estou muito longe da primeira foto. E que está na minha mão voltar ao equilíbrio que tinha até ao final do ano passado.
Flicker
Bem e ca estou eu outra vez. Desta vez vou tentar ser sucinto.
Primeiro ponto, todos nos temos as nossas fraquezas e falhas que na adolescencia ganham uma dimensao estupida, fruto da falta de clarividencia que temos com essa idade.
Quanto ao comentario estupido que a tua colega teve, o que dizer? Que ela e' uma besta? Talvez! Mas a verdade e' que quase todos nos ouvimos coisas em crianca que nos traumatizaram de uma forma ou de outra.
O que fazer? Olhar para tras e esquecer porque esses comentarios idiotas nao valem de nada e tens que ter confianca em ti propria.
Segundo ponto, quem realmente gosta de ti, gosta por causa do teu interior e esse nao muda com comida!
Terceiro e ultimo ponto, lembra-te da historia do patinho feio que no final da historia passou de patinho feio ao patinho mais bonito e especial!
Ana Luisa Alves
Olá! Vou passando por aqui, mas raramente comento.
Há uns anos atrás, por razões meias parvas (não são sempre?), que tinham a ver com dramas de namorados, decidi que não iria comer. Tipo nunca mais. Nunca tinha fome e estava num fosso tão profundo e com uma opinião sobre mim mesma tão negativa, que passei de 56 para 45 kg em menos de 2 meses e foi assustador! Senti um terror imenso, porque achei que nunca mais ia conseguir engordar e que ia eventualmente morrer. O meu corpo estava deformado. É certo que não tinha barriga, como durante muito tempo havia ambicionado, mas sinceramente nunca me senti tão mal na minha vida. O que me salvou foi, entre outras coisas, o BTT. Fazia tantos km's/semana que era impossível nao ganhar alguma fome. Eventualmente recomecei a comer.
O tempo foi passando e o BTT tornou-se algo esporádico, embora tente sempre manter-me activa. Hoje, com 60kg, sinto-me bem! Continuo sem gostar da minha barriga, mas sinto-me saudável. Acho que aceitar as pequenas imperfeições é algo que vem com a idade e é importante lembrar que nunca vamos voltar a ser as pessoas que fomos há uns anos atrás.
Por isso não te preocupes! Hoje não és a mesma pessoa que eras, nem poderás voltar a ser!
Joana Sousa
Vânia, sem te conhecer, só te posso dizer que és linda, por dentro e por fora. É preciso uma força de gigante para ultrapassar fases tão negras – nunca caí num distúrbio alimentar, mas sei bem o que é ser gozada e quanto isso magoa quando estamos a crescer e a descobrir quem somos. Arruína o caminho que depois temos que construir com lágrimas.
Em todo o caso, por favor lembra-te sempre desse exercício que fizeste com psicóloga e reavalia-te. Racionaliza. Não deixes as emoções levarem a melhor, porque, vendo de fora, não tens qualquer motivo para te sentires mal contigo mesma. Isto é algo que tenho falado lá pelo blog…com certeza não fazes a outras mulheres as críticas tão duras que fazes a ti mesma e que te deixam com esse medo de voltar atrás. Quando olhares ao espelho, pensa que estás a olhar para qualquer outra pessoa que não tu. O que é que lhe dirias?
Um grande beijo*
Jiji
lollytasteblogvania
Joana SousaQuerida Joana muito obrigada pelo teu comentário, obrigada acima de tudo pelas tuas palavras de força. E tocaste num ponto muito importante que é o de não fazer criticas às outras pessoas como faço a mim e tens mesmo toda a razão. Sempre fui contra qualquer tipo bullying e acabo por o fazer comigo e isso não é justo. Acredito que aos poucos vou conseguir voltar ao bom caminho e aceitar que estou muito longe do que já fui, a primeira parte que foi assumir que precisava de ajuda já está feita agora é ter paciência 🙂 beijinhos grandes
Bárbara Marques
Sou novata pelo teu blog mas comecei no post mais recente e já vou aqui e conhecendo-me como me conheço provavelmente vou até quase ao início para "saber" a tua evolução ao longo do tempo, no fundo como forma de me rever mais uma vez… gostava de te perguntar uma coisa, porque é uma coisa que me assusta não para um futuro a curto prazo mas para um futuro a longo prazo. com 31 anos (acho que percebi bem) talvez penses numa gravidez, com todos os problemas com a alimentação e o treino físico, como te sentes em relação a isso? Desculpa a pergunta tão pessoal mas é uma questão que se coloca na minha cabeça e quando penso nela só "quero fugir", mas como tu própria dizes fugir dos traumas não é saudável. Gostava de saber a tua opinião. Sente-te completamente à vontade para não o fazer se assim não quiseres 🙂
um beijinho
lollytasteblogvania
Bárbara MarquesQuerida Bárbara, muito obrigada pelo teu comentário, que acho muito pertinente 🙂
Tenho 31 sim senhora. Quanto à tua questão, eu não penso para já em ser mãe, talvez daqui a uns 4 anos tenha esse desejo, no entanto estranhamente este meu "desinteresse" não tem nada a ver com a parte física. Confesso-te que nunca pensei "tenho medo de engravidar porque não quero voltar a engordar", acho que o meu pensamento varia mais entre "será que sou capaz de cuidar de um ser humano" e "não quero abdicar da liberdade que tenho agora".
óbvio que as mudanças físicas às vezes não são fáceis, mas confesso que relativamente ao tema gravidez o aumento de peso nunca me assustou 🙂
beijinhos grandes